Os programas mais contestados da Microsoft

 Os programas mais contestados da Microsoft


Uma empresa só se torna conhecida e admirada mundialmente pela qualidade dos seus programas. Ainda que alguns acusem a Microsoft de táticas desleais para alcançar a força que tem hoje, se seus programas não tivesse um pingo de qualidade esse reinado seria passageiro. Seus programas não são perfeitos, mas atendem com louvor a toda uma gama de perfis, cenários e necessidades.
Nessa trajetória de mais de três décadas, houve algumas “pisadas na bola”, como acontece com qualquer outra empresa. Reuni, nesse texto, seis delas, divididas em duas partes. São, provavelmente, as mais constrangedoras ou, pior, irritantes para o usuário final. Algumas viraram lendas, outras, piadas de mal gosto; lembramos de umas com nostalgia, enquanto outras, queremos mais é esquecer mesmo. Mas uma coisa é certa: são produtos dos quais a Microsoft, provavelmente, não se orgulha muito…

6. Windows Vista

Criar o sucessor do Windows XP, que além de bom para a sua época (principalmente após o Service Pack 2), era e continua sendo amado pelos usuários, foi uma tarefa dificílima. A Microsoft tinha na figura do então Longhorn, codinome do Windows Vista, o sistema que deveria fazer as pessoas esquecerem o descampado num dia ensolarado com janelas de bordas azuis.
Se por si só o desafio era grande, os constantes atrasos e as inúmeras perdas de recursos anteriormente prometidos combaliram o moral do Vista. Lançado no início de 2007, sem aproveitar o período de fim de ano, quando se vende muito devido ao Natal, essa versão do Windows chegou às prateleiras pedindo mais hardware do que o computador médio da época tinha. Como resultado, incontáveis relatos de lentidão e travamentos — esses devido, também, à escassez de drivers e mudanças internas que tornaram, da noite para o dia, programas que rodavam liso no XP uma dor de cabeça no Vista.


Tenho comigo que o Vista foi um incompreendido. O sistema, num hardware decente, era rápido e bastante estável. Ok, a transferência de arquivos era super lenta e a usabilidade, com suas trocentas janelas de avisos e notificações, terrível, mas o sistema em si, bastante ágil. Ocorre que demorou muito para que tivéssemos hardware capaz de rodá-lo sem engasgos acessível ao grande público. E o estigma inicial, em boa parte atiçado por parte sensacionalista da mídia e “técnicos” de fundo de quintal que sequer testaram o sistema, grudou no mesmo e não saiu mais. O Windows Vista entrou para os anais da história como “o Windows pesado”.

5. Windows Mobile 6.5

Em 2007 a Apple lançou o iPhone e, do nada, elevou o patamar dos smartphones e, consequentemente, dos sistemas operacionais móveis utilizados nesses dispositivos. Até então, o Symbian, com sua contestada usabilidade, interface capenga e visual feio, era o ápice da perfeição no segmento.
O iPhone OS, hoje apenas iOS, uma versão reduzida e otimizada do Mac OS X, quebrou paradigmas e estabeleceu alguns padrões na indústria: “temos touchscreen, sim, mas esqueçam a canetinha stylus”, ou ainda, mais importante, “esqueça sistemas desktop, somos algo diferente“.
A Microsoft tinha certa folga nessa área antes de 2007. Seu jurássico Windows Mobile era referência para aplicações profissionais e, em ambientes corporativos, tinha muita força devido à integração com ferramentas da própria empresa, especialmente servidores Exchange.
A Apple correu por fora e fisgou, primeiro, o usuário doméstico, para só então mirar nas empresas. Demorou, mas sua entrada nos ambientes corporativos aconteceu. Basicamente, todas as fabricantes de celulares seguiram a mesma tendência, mas faltava um detalhe para deslanchar a tão necessária concorrência: um sistema operacional móvel moderno.


A Google correu para criar o Android, a Palm, o webOS e a Nokia, além do Symbian, investiu pesado no Maemo, depois convertido para MeeGo graças a uma parceria com a Intel (e que, no fim das contas, não deu em nada…). Já a Microsoft, insistiu mais algum tempo com seu Windows Mobile.
Quem já usou o WinMo tem a familiar sensação de já ter visto aquilo numa tela maior e manipulado aquela interface com o mouse. A mentalidade por trás do sistema é a de que smartphones e PDAs são, em última instância, cópias miniaturizadas dos nossos computadores. Por isso, diversos elementos de interface são herdados, sem tirar, nem por, do Windows para desktops, da antiquíssima versão 3.11. Em outras palavras, não servem para serem usados com dedos.
O Windows Mobile 6.5, último grande lançamento desse sistema, apareceu em maio de 2009. A essa altura o iPhone já era um gigantesco sucesso, o Android começava a mostrar serviço e o mercado, de modo geral, refutava qualquer coisa ultrapassada — como o Windows Mobile. A versão 6.5 foi um “tapa-buraco” enquanto a Microsoft não finalizada o Windows Phone 7, que só seria lançado dali a um ano e meio, no final de 2010. Trazia tela inicial renovada, organização de ícones em “colmeia” e… bem, não tinha muitas novidades.
Apesar de impopular em mercados desenvolvidos, o Windows Mobile faz relativo sucesso, ainda hoje, no Brasil e em outros emergentes, principalmente pela conectividade “out-of-the-box” com programas e serviços da Microsoft, como Windows Live Messenger e Hotmail.

4. FrontPage

Hoje a piada perdeu a graça e para os mais novos, que já pegaram a arte de criar sites “mastigada”, com plataformas de blogs provendo o básico (e até mais) para qualquer um que consiga preencher um formulário, talvez nem faça sentido, mas num passado não muito distante um site feio ou pouco funcional era, imediatamente, xingado de “feito no FrontPage”.


Distribuído junto com o Office até a versão 2003, o FrontPage era um editor de sites do tipo WYSIWYG, ou seja, daqueles em que você pode “desenhar” a página numa interface gráfica, vendo exatamente como ela ficará no navegador. O programa foi criado por uma empresa americana, de Massachusetts, a Vermeer Technologies Incorporated, adquirida pela Microsoft em 1996.
O FrontPage era fácil de usar, o que não significava que resultava em bons trabalhos por quem não entendia bolhufas de HTML. Esses conseguiam se virar, o que dava a falsa impressão de que escrever um site é fácil e, ao mesmo tempo, enchia servidores gratuitos de sites horríveis. Lembra dos sites com GIFs animados “under construction”? Não se surpreenda se descobrir que alguns deles foram feitos no FrontPage.
Houve um tempo em que o FrontPage dispunha inclusive de extensões server-side, ou seja, complementos instalados no servidor (Windows Server/IIS e Unix) que liberavam recursos no editor. Antes de pendurar as chuteiras, porém, essa abordagem proprietária foi substituída por padrões comuns no FrontPage 2003.
Depois do Office 2003, a Microsoft descontinuou o FrontPage. Na realidade, o rebatizou como Expression Web, parte da então nova linha de aplicativos exclusivos para o desenvolvimento em ambiente web, que conta, ainda, com o Expression Design, Encoder, SketchFlow, dentre outros. Para quem pegou a fase ingênua da Internet, com fonte Times New Roman, links azuis em fundo cinza, frames e iframes para todo lado e tabelas para diagramar páginas, o FrontPage, apesar do freak show que promovia entre usuários leigos (e talvez justamente por causa disso), será sempre lembrado com carinho.


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